quinta-feira, 1 de julho de 2010

Príncipes e Princesas

Quando eu era pequena, ganhei uma Barbie. Logo depois, ganhei um Ken. Pela minha lógica e pelo o que eu conhecia do mundo, através de filmes da Disney e de músicas do Vinícius que tocavam na minha casa, a Barbie tinha que ficar com o Ken. Ótimo. Eles casaram, montaram uma casa de madeira, que eu pintei de canetinha de várias cores, mobiliaram a casa com móveis em miniatura e tiveram muitos filhos, que eram, bizarramente, do tamanho deles, porque eu não tinha uma barbie criança.


O Ken cortejou a Barbie, daquele jeito que as princesas eram cortejadas nos livros, e ela se apaixonou por ele, como nos filmes que assistia.

Eu ainda era pequena, mas não tão pequena, e as Barbies faziam parte da minha vida de outra forma: elas ficavam sentadas na estante e eu já não brincava com elas. No entanto, tudo o que elas haviam feito ficou em mim. Então, eu tinha uma cadeira rosa, que era o meu trono, e brincava de princesa. E, sempre, havia um príncipe.

Eu cresci mais um pouco. Foi quando as coisas ficaram confusas. Comecei a ouvir que as mulheres deveriam ser independentes e massacrar os homens. Eu não entendi o porquê, mas anotei o recado. Tomava críticas de quem dizia que eu vivia no mundo da lua, sempre fantasiando sobre príncipes e princesas.

Aconteceu que eu virei uma adolescente e meninos deixaram de viver no meu mundo da lua, para viver, simplesmente, no meu mundo. A verdade? Bom, eu não pensei em nada disso por um bom tempo. O legal era estar com eles.

E um dia, eu cresci. E passei a questionar o porquê que eu deveria massacrar os homens, se eu gostava deles. Porque a minha mãe começou a me dizer que não existiam príncipes, apenas sapos? Porque começaram a relatar estatísticas do índice de divórcios? Porque passaram a contar vantagem das mulheres bem sucedidas e solteiras?

A verdade não parecia surgir para mim. Apenas me confundiam todas essas informações. Mas acreditei piamente que não existiam príncipes e princesas.

Mas por muitos dias seguintes, contemplei o olhar que a minha mãe repousou no meu pai, reparei nos namorados de mãos dadas do metrô, ouvi minha amiga falando sobre o aperto no coração que a música Lugares Proibidos causava nela. E, então, eu mesma me peguei sorrindo, aquele sorriso bobo, que só aparecia quando pensava em certas tardes.

Pois é, eu acredito, sim, em príncipes e princesas.

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